Durante muito tempo, os dados foram tratados como ferramentas de controle, métricas de produtividade ou insumos para relatórios gerenciais. Mas esse papel mudou. Eles deixaram de ser apenas indicadores operacionais e passaram a integrar a narrativa viva da cultura organizacional. Hoje, afirmar que “dados contam histórias” não é mais uma provocação, é um princípio básico da comunicação moderna.
Essa mudança tem impacto direto na Comunicação Interna. Essa área vive uma oportunidade estratégica: transformar essas informações em significado. Não se trata de alimentar planilhas técnicas, mas de revelar experiências, despertar conversas e construir identidade. A informação precisa ser mais do que compreendida: ela precisa ser sentida.
Dos dashboards às emoções
Durante anos, os dados foram utilizados como prova de desempenho. Indicadores de engajamento, headcount e participação viravam gráficos, infográficos e apresentações. Visualizar dados era sinônimo de dar clareza. Como ensina Scott Berinato, em Good Charts, o papel da visualização não é embelezar, mas tornar compreensível e persuasivo. E a persuasão importa porque sustenta argumentos, dá credibilidade e gera convicção.
Hoje, essas informações também precisam emocionar. Quando transformamos os resultados de uma pesquisa de clima em uma exposição visual, ou usamos dados de reconhecimento interno para celebrar talentos em tempo real, deixamos de apenas mostrar resultados e passamos a construir experiências. Isso é storytelling organizacional orientado por dados, uma prática que alia inteligência analítica e linguagem simbólica.
Dado não é nota de rodapé. É protagonista da experiência do colaborador.
Em um cenário saturado de informação e escasso em atenção, dados bem trabalhados se tornam um recurso estratégico para fortalecer a marca empregadora. Eles ajudam a traduzir o clima, a dar forma à cultura, a identificar ruídos e a revelar potências muitas vezes invisíveis.
Mais do que mensurar, o papel do RH e da Comunicação Interna é atribuir significado aos dados. É ultrapassar a superfície dos números absolutos e acessar aquilo que realmente importa: as histórias que eles revelam. Quando conseguimos, por exemplo, transformar um índice de eNPS em aprendizado coletivo, ou enxergar numa taxa de turnover sinais de desalinhamento cultural, os dados se tornam instrumentos vivos de escuta, direção e transformação.
Dados precisam fazer sentido para a empresa
A coleta de dados precisa estar conectada a um propósito claro. Antes de medir, é preciso saber o que se quer entender. Quais perguntas estratégicas estamos tentando responder? Quais indicadores realmente refletem a cultura, o engajamento, o sentimento de pertencimento ou a eficácia da liderança? Não se trata de medir por medir: trata-se de identificar aquilo que, de fato, sustenta o negócio, reforça o propósito da marca e orienta decisões com impacto humano.
Quando a Comunicação alinha seus indicadores às prioridades da organização, os dados deixam de ser acessórios e passam a integrar o núcleo da estratégia. Eles revelam caminhos, expõem tensões, validam hipóteses e oferecem elementos concretos para construir sentido coletivo.
O risco de medir tudo e entender nada
Com o avanço de tecnologias como inteligência artificial e people analytics, o volume de dados aumentou exponencialmente. Mas, volume não é insight. A tentação de medir tudo pode levar à superficialidade ou à paralisia por excesso de informação.
O desafio hoje é extrair sentido com sensibilidade. Ao aplicar esse olhar à Comunicação Interna, os dados passam a cumprir um papel mais estratégico: revelar o que torna a marca empregadora única (diferenciação), o que de fato importa para as pessoas (relevância), o quanto somos percebidos como confiáveis e respeitados (estima) e o grau de familiaridade e clareza que os colaboradores têm sobre quem somos e o que representamos (conhecimento). Esses quatro pilares compõem o modelo Brand Asset Valuator, desenvolvido por David Aaker, professor emérito da Universidade da Califórnia, referência mundial em branding e considerado o “pai do branding moderno”.
Esses conceitos ajudam a construir reputação de marca empregadora com mais consistência, coerência e potência narrativa. Afinal, não se trata apenas de medir, mas de revelar o que a organização tem de singular e o que verdadeiramente conecta as pessoas à sua cultura.

Quando a cultura ganha forma com dados
Um exemplo prático e marcante vem de uma empresa de tecnologia em processo de reposicionamento estratégico. A marca queria comunicar, de forma interna, sua proposta de valor: ser uma parceira sólida em um ecossistema digital cada vez mais volátil. Mas, em vez de recorrer a vídeos institucionais ou campanhas tradicionais, optou por uma abordagem sensorial, inovadora e simbólica.
A empresa transformou dados operacionais em uma instalação visual dinâmica, instalada no saguão principal de sua sede. Ali, métricas como uptime de serviços, volume de dados trafegados e status de sistemas eram captadas em tempo real e convertidas em uma projeção generativa — uma obra de arte digital que pulsava, mudava de forma e cor conforme os dados se atualizavam.
Nos dias em que o sistema operava com estabilidade, o painel apresentava movimentos fluidos e padrões harmônicos. Em momentos de oscilação, as formas se tornavam irregulares, agitadas, refletindo a instabilidade real do ambiente digital. O resultado foi uma representação viva da essência da marca: mesmo em um mundo instável, há solidez na forma como operamos.
Mais do que ilustrar resultados, a visualização materializou um conceito. Os dados deixaram de ser números invisíveis em dashboards e se tornaram uma linguagem cultural visível, sensível e experienciável por todos os colaboradores. Um exercício sofisticado de storytelling organizacional, onde a cultura não foi apenas comunicada foi sentida.
Conclusão: dados não são frios. Frias são as abordagens que não sabem o que fazer com eles.
RH e Comunicação Interna estão diante de um novo pacto com as informações obtidas. Não se trata mais de “mostrar resultados”, mas de traduzir experiências. Quando extraímos significado e criamos histórias, os dados deixam de ser algo que relatamos e passam a ser algo que as pessoas sentem, entendem e compartilham.
Dados e Planilhas não comovem. Histórias sim.
E histórias fundamentadas em dados bem interpretados podem ser a chave para engajar, inspirar e transformar a cultura organizacional. Empresas fortes se constroem de dentro para fora.
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